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Síndrome pós-Covid: como detectar e tratar os sintomas mais persistentes

As sequelas do coronavírus podem afetar a qualidade de vida e até ameaçar a vida.

Com mais de 11 milhões de indivíduos curados da Covid-19 no Brasil até o momento, é justo se preocupar com uma possível epidemia subjacente e mais silenciosa. Estamos falando da síndrome pós-Covid. Em estudos, até 80% dos recuperados sentem ao menos um sintoma até quatro meses depois do fim da infecção.

Casos graves da doença, que exigiram internação e UTI, tendem a abalar mais o organismo no longo prazo. Mas a verdade é que os episódios leves também podem deixar marcas prolongadas.

Uma revisão sistemática e meta-análise, divulgada em janeiro por pesquisadores norte-americanos (ainda em revisão por outros cientistas), lista 50 queixas das mais variadas. Na mesma linha, uma revisão de literatura publicada na Nature dá a dimensão do problema em oito âmbitos, da pele ao cérebro.

“Temos certeza que a infecção está longe de ser apenas uma questão localizada e passageira. Há repercussões prolongadas em vários órgãos”, comenta a fisiatra Linamara Rizzo Battistella, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

De maneira geral, as principais manifestações do pós-Covid relatados até agora são:

Mal-estar e queixas como dores de cabeça e perda de olfato tendem a se resolver sozinhos. Agora, se o incômodo é intenso, o ideal é procurar atendimento médico. Sim, dá para conter os danos e intervir antes que algo pior aconteça.

Para se ter ideia, um dos braços da iniciativa Coalizão Covid-19 Brasil acompanhou cerca de mil indivíduos internados e concluiu que até 17% tiveram que ser hospitalizados novamente tempos depois – e 7% morreram até seis meses depois da alta. Os dados são preliminares, e ainda não foram publicados em periódicos científicos.

 

Como recuperar o fôlego

O ideal é retomar as atividades aos poucos e, de preferência, com acompanhamento. Se sentir cansado faz parte da recuperação da Covid-19, mas o alerta deve soar se o desconforto for muito intenso. Queixas como náusea, palpitações, desmaios e tontura indicam que o pulmão não está funcionando adequadamente.

Programas de reabilitação cardiovascular são os mais adequados para atender os sobreviventes da Covid-19, pois treinam os músculos ao mesmo tempo em que renovam a capacidade respiratória. O olhar do expert em pulmão e coração é importante porque, não raro, há pequenos déficits que passam despercebidos aos olhos destreinados.

“Limitações podem ser subvalorizadas por profissionais não especializados, porque o indivíduo parece responder ao exercício, já que sua capacidade motora nem sempre foi afetada”, aponta Marisa.

A fisioterapeuta alerta para o perigo de uma situação desse tipo, que sobrecarrega o organismo: “Ele pode apresentar de cara um quadro grave, como uma arritmia por baixa oxigenação”.

Além da reabilitação específica, outras medidas podem ser necessárias. “Às vezes, a pessoa fica dependente de oxigênio por semanas ou meses para compensar o comprometimento pulmonar”, aponta o intensivista Luciano Cesar Azevedo, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

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